O código Da Vinci, Dan Brown
Revista Mais, Edição 4 - Ano I

Jamile Ferreira


 
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“O assassinato do curador do Museu do Louvre, em Paris, traz à tona uma conspiração para revelar um segredo que foi protegido por uma sociedade secreta desde os tempos de Jesus Cristo”.

Jacques Saunière, a vítima, é um dos líderes do “Priorado de Sião”, que já teve como membros Leonardo da Vinci, Victor Hugo, Isaac Newton, entre outros. E Robert Langdon, um famoso simbologista de Harvard, e Sophie Neveu, criptógrafa, são as únicas pessoas que podem desvendar uma mensagem cifrada que Saunière consegue deixar na cena do crime.

O sorriso de Mona Lisa, o Santo Graal, símbolos do antigo Egito, capelas e castelos europeus - o livro “O Código da Vinci” envolve o leitor numa história de suspense informativo, através de estratagemas entre obras de arte, documentos, seitas, lugares e rituais, tornando Dan Brown um dos autores mais consagrados da atualidade.

Lançado nos Estados Unidos no início de 2003 pela Editora Doubleday, “O Código Da Vinci” teve tiragem inicial de 85 mil exemplares e uma grande expectativa de que o pouco conhecido autor conseguisse atrair o público.

Hoje, a obra é considerada um dos maiores fenômenos editoriais dos últimos tempos, não apenas no Brasil - com vendagem superior a 750 mil exemplares desde o seu lançamento no Brasil em 2004, pela Editora Sextante - mas um sucesso mundial: são 25 milhões de exemplares vendidos em mais de 40 países, traduzidos para 44 línguas.

Em abril desse ano, foi lançada a Edição Especial Ilustrada. São 160 ilustrações, impressão colorida e encadernação de luxo, reproduzindo os símbolos, obras de arte, monumentos arquitetônicos e localidades históricas citados ao longo do livro – o texto original não foi alterado.

A obra possui uma legião de fãs por todo mundo que consideram-na uma das melhores obras do gênero de suspense de todos os tempos – pecando contra o clássico “O nome da rosa”, de Humberto Eco.

Por outros, é tida como uma obra ficcional primária com linguagem pobre, personagens rasos e interminável seqüência de dados enciclopédicos. Dessa forma, o autor Dan Brown não foge à regra do “falem mal ou bem, mas falem de mim”, que acontece com autores de sucesso de vendas como Sidney Sheldon e Paulo Coelho: opiniões divididas entre os que os adoram pela facilidade da leitura e os que os detestam pelo primarismo intelectual - discutível no caso de Dan Brown, pois é casado com Blythe, pintora e historiadora de arte, que colabora nas suas pesquisas.

Fato é que o livro surgiu num momento em que os romances literários e comerciais adultos não obtinham sucesso nem de crítica, nem de vendas e a forte concorrência com outros meios de comunicação não promoviam qualquer interesse pela leitura – como, infelizmente, ainda não promovem.

A opinião de editores, críticos, livreiros e leitores converge no sentido em que o romance de Brown conseguiu combinar uma narrativa desafiadora e alusões históricas inquietantes.

Com o sucesso de vendas e exacerbados comentários a respeito da veracidade das citações históricas e de arte, diversas obras relacionadas foram produzidas. Revelando o Código Da Vinci, de Martin Lunn, Quebrando o Código da Vinci, de Darrell L. Bock, Decifrando o Código Da Vinci, de Simon Cox, Os Segredos do Código, de Dan Burstein, A Fraude do Código Da Vinci, Erwin W. Lutzer, além do aumento significativo de obras cujo tema é o Santo Graal, Maria Madalena, Jesus Cristo e o Vaticano (principalmente com o novo Papa).

Em Paris, existem companhias de viagem elaborando roteiros inspirados na obra. Uma das rotas inclui circuito por parques, capelas, Museu do Louvre com guia, e tem o nome de “Quebrando o Código Da Vinci” (US$1.500 por pessoa, em média).

E toda essa repercussão não tende a acalmar: em 2006 chega ao cinema a adaptação do romance, dirigida pelo premiado diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante) e estrelada por Tom Hanks (Forrest Gump) e Audrey Tautou (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain).

E os comentários não acabam: um dos maiores cardeais do Vaticano, Tarcisio Bertone, denunciou o livro como prova de preconceito “anti-católico” e solicitou um boicote. O romance alega que Jesus Cristo teria se casado com Maria Madalena e tido vários filhos – isso tem horrorizado cristãos e gerado inúmeras discussões.

Dan Brown, em entrevista a editora, diz que sua “esperança é que O Código Da Vinci, além de divertir as pessoas, sirva como um primeiro passo para que elas explorem o tema por conta própria”.

Enquanto os leitores aguardam ansiosos pelo filme e pelo próximo livro de Dan Brown - “The Solomon Key” - ainda sem data para publicação, os questionamentos continuam. E quem ganha é a literatura, que volta a ser discutida nas rodas de amigos...e conclaves!

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